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Téo Azevedo, poeta e violeiro, é nascido em 2 de julho de 1943, em Alto Belo, distrito de Bocaiúva, no Norte de Minas Gerais, entre os vales dos rios Verde, Jequitinhonha e São Francisco. Filho do poeta e cantador Teófilo Isidoro de Azevedo (1905-1951), também famoso contador mineiro, herdou do pai a vocação para a poesia popular. Seu pai, que virou figura legendária na região, figurando em poema de Carlos Drummond de Andrade, era alegre folião de reis, aboiador, repentista, pequeno comerciante, tropeiro e ferreiro do local. Téo, assim, herdou do pai o gosto pelas coisas do povo e mais do que isto o domínio das técnicas poéticas e musicais. Estas mesmas técnicas que, passam de pai a filho, de geração a geração, pela tradição, proximidade e oralidade, que são os processos naturais de preservação e expansão da cultura popular.
O cordelista mineiro, além do pai, não teve muitos professores da escola oficial. Freqüentou pouco os bancos escolares, o suficiente apenas para concluir apenas o primeiro ano do Curso Primário. Aprendeu a ler e escrever, segundo conta, olhando as placas comerciais e folheando gibis e jornais. Com a morte do pai, teve que começar a trabalhar bem cedo para sobreviver. Já aos oito anos de idade ganhava a vida como engraxate, lavando carros, carregando malas e vendendo frutas. Sua vida mudou, quando conheceu um camelo pernambucano, de nome Antonio Salvino, que vendia remédios pelas feiras e praças populares. Começou a trabalhar com ele e sua função era abrir rodas em praças públicas, chamando a atenção do povo com uma cobra jibóia enroscada no pescoço e cantando calango (uma das formas de repente em Minas Gerais). A partir daí nunca mais parou de cantar e a cantoria passou a ser sua forma de sobrevivência.
Gravou o primeiro disco em 1965 no estúdio Discobel, do técnico Lourinho, da Rádio Itatiaia. O disco trazia uma música folclórica conhecida no Norte de Minas, Deus te Salve Casa Santa (Cálix Bento), que ganhou nova melodia e o acréscimo de três estrofes de sua autoria. Nesta época, Téo começou a fazer abertura de shows em circos e praças públicas com o repentista mineiro Caxangá e os cantores Vicente Lima e Zé Brasil. Compôs várias músicas e em 1968 foi escolhido pelo jornal O Debate como ‘O melhor compositor mineiro do Ano’.
Mas foi em São Paulo, onde Téo passou a morar a partir de 1969, que sua vida artística tomou outro rumo. Conheceu vários repentistas como Guaiatã de Coqueiros, o então Alceu Valença, Antônio Deodato, Maxado Nordestino, Sebastião Marinho, Coriolano Sérgio e ficou conhecido no meio dos cantadores populares. Em 1978, lança o LP Brasil, Terra da Gente, quando ficou conhecido em Minas Gerais através dos jornalistas Carlos Felipe e Sebastião Breguez, através do jornal ESTADO DE MINAS.

Com o lançamento do livro LITERATURA POPULAR DO NORTE DE MINAS (SP, Editora Global, 1978) iniciou sua vida literária. Publicou também CULTURA POPULAR DO NORTE DE MINAS (Top Livros), PLANTAS MEDICINAIS E BENZEDURAS (Top Livros), A FOLIA DE REIS DO NORTE DE MINAS (Sesc-MG), ABECEDÁRIO MATUTO (Ed. Global), REPENTE FOLCLORE (Sesc-MG), TIOFO, O CANTADOR DE UM BRAÇO SÓ (Ed. Global), DICIONÁRIO CATRUMANO -Glossário de Locuções Regionais (Ed. Letras & Letras), AS ERVAS QUE CURAM (Motivo Cultural), entre outros.

Entre os discos que editou estão: Grito Selvagem (Independente, 1974), Brasil, Terra da Gente (Copacabana, 1979), O Canto do Cerrado (WEA, 1980), Cantador Violeiro (Copacabana, 1987), Cultura Popular (Independente, 1993), Tio e Sobrinha (Copacabana, 1995), Téo Azevedo, o cantador de Alto Belo (Pequizeiro-Eldorado), Solos de Viola em Dose Dupla (Pequizeiro-Eldorado), Ternos de Folia de Reis de Alto Belo, Folia de São José do Alto Belo (Pequizeiro-Eldorado, 1999), Forró Calango & Blues (Pequizeiro-Eldorado, 2000). Gravou dezenas de discos de 78 rotações e compactos. É criador do selo Pequizeiro Produções Artísticas, desde 1998.
As músicas de sua autoria tem tido inúmeros intérpretes em todo o Brasil. Pode-se citar, entre eles, Luiz Gonzaga, Sérgio Reis, Clemilda, Tião Carreiro, Zé Ramalho, Banda Cacau com Leite, Tonico e Tinoco, Cascatinha e Inhana, Zé Côco do Riachão, Caju e Castanha, Milionário e José Rico, Banda de Pífanos de Caruaru, Cristina e Ralf, pimentinha, Fatael, Genival Lacerda, Valdo e Vael, Jackson Antunes, Domingos, Fernanda Azevedo, Danilo Brito, Ruth Eli e Jair Rodrigues. Também no exterior, ele tem músicas gravadas com intérpretes como o saxofonista inglês Bobby Keys da banda Rolling Stones e com o gaitista de blues norte-americano Charlie Musselwhite. Também fez apresentações musicais em Portugal, em várias cidades, sendo o único cordelista a participar de eventos culturais em terras lusitanas.
A repercusão da obra de Téo Azevedo tem sido analisada por vários estudiosos de cordel no Brasil e exterior. Nos EUA, o especialista J. Mack Curran, da Universidade do Arizona, fez alusão à sua obra em estudo sobre o cordel brasileiro. O holandês Joseph Luyten, quando estava na Universidade de Osaka (Japão), também fez referência ao trabalho de Téo. Ainda na França, o especialista Raymond Cantel, da Sorbonne, também incluiu sua obra na coleção que organizou sobre a literatura de cordel brasileira.
Enfim, a obra de Téo Azevedo é de resgate da cultura popular mineira, principalmente, a do Norte de Minas. Ele produziu, gravou, cantou todas as modalidades do cordel mineiro. Entre os quais se destacam o calango, o coco de viola, o lundu, o guaiano, a chula campeira e o repente.

ficha técnica:
produtor fonográfico: k-tel do brasil comercial ltda.
foto feita em pires de albuquerque
foto: nassau
assistente de produção: téo azevedo
técnico de som: dezinho

músicos:
miranda: violão
téo: acordeon
robertinho: flauta/clarinete
gerson: violino
rafael d'angelo: viola caipira
adão: viola nordestina
heleno/sebastião marinho/téo: ritmo
robert/irajá/toninho: coral do miranda

download: Téo Azevedo_Brasil Terra da Gente [1979]

faixas:
01 calix bento [domínio público]
canto e dança de folia e pastorinha do norte de minas_letra original recolhido por téo azevedo
02 vaquejada de lamento [guriatã de coqueiro/téo zevedo]
toada de pires_aboio em sextilhas
03 velho chico [correia neto/téo azevedo]
martelo mineiro de verso livre
04 ternos pingos de saudade [cândido canela/téo azevedo]
toada de pires_campeã do 1º festival sertanejo da rádio record/sp_1978
05 vaqueiro valente [téo azevedo]
aboio em sextilhas do sertão da bahia
06 asas detidas [oliveira de panelas/téo azevedo]
martelo agalopadp_declamação de zé praxedes [o poeta vaqueiro]
07 viola de bolso [carlos drummond de andrade/téo azevedo]
toada de folia de pires
08 santo violeiro [capitão furtado/téo azevedo]
dança de são gonsalo do norte de minas
09 lamento de vaqueiro [téo azevedo]
aboio em sextilhas do munícipio de januária [norte de minas]
10 coletânea de folguedos [domínio público recolhido por téo azevedo]
marujada ibérico_caboclinho indígena_catopê afro - montes claros
11 trovas de natal [cândido canela/téo azevedo]
folia de reis de pires
12 jogo de bicho [domínio público recolhido por téo azevedo]
guaiano_canto e dança da folia de alfredo saraiva - montes claros
Postado por Poeira e Cantos às Quarta-feira, Julho 02, 2008 
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