Desafio (Fragmentos do 5º canto: Das Violas da Morte, do Auto da Catingueira) (Elomar) Cantador (Xangai) Sinhores dono da casa o cantadô pede licença prá puxá a viola rosa aqui na vossa presença venho da banda do Norte cum pirmissão da sentença cumprino mia sina forte já por muitos cunhicida buscano a inlusão da vida ou os cutelo da morte e das duas a prifirida a qui mim mandá a sorte. Já qui nunciei quem sô dêxo meu convite feito pra qualqué dos cantadô do qui se dá pur respeito aqui qui pru acaso teja nessa função de aligria e prá qui todos me veja pucho alto a cantoria nessa viola de peleja qui quano num mata aleja cantadô de arrilia só na iscada dua igreja labutei cua duza um dia cinco morrêro d'inveja treis de avêcho, um de agunia matei os bichos cum mote qui já me deu treis muié é a história dum cassote cum cuati e cum saqué o cassote com um pote cuô pru cuati um café iantes ofreceu um lote num saco prá o saqué o saqué secô o pote dexô o cuati só cua fé di qui dent do tal pote inda tinha algum café e xispô sambano um xote o inxavido do saqué qui cuati quá qui cassote boto o bicho e bato um bote o qui é qui o saqué qué iantes porém aviso sô malvado num aliso triste ô feliz é o cantadô queu apanhá prá dá o castigo apois quem canta cumigo sai difunto ô sai dotô. Tropeiro (Elomar) Sinhô cantadô chegante me adisculpa o tratamento nessa hora nesse instante mêrmo aqui nesse momento tá um cantô sinificante sem fama sem atrivimento qui num é muit falante nem de muit cunhicimento mais prá titos e valintia só trais ua viola na mão falta o iluste cumpanhêro marcá o lugá da prufia se lá fora no terrêro ô aqui mêrmo no salão. Cantador (Xangai) Vamo logo mão a obra dexa as bestage de lado qui a lua já feiz manobra no seu campo alumiado vosmicê qui sois daqui vai dexano ispilicado as moda dos cantori qui lhe é mais agradado se vamo cantá o moirão o martelo ô a tirana ô a ligêra sussarana parcela de mutirão ô intonce ao invéis a obra de nove peis de oite sete ô seis ô se deiz pés em quadrão vamo logo mão a obra dêxa esas coisa de lado camo cantá no salão tô mais riuna qui a cobra qui trais no rabo incravado um invenenado ferrão. Tropeiro (Elomar) Apois sim tá certo vamo cantá qualqué canturia num me deito nem me acamo prá arrotá sabiduria vamo cantá meu amigo as moda qui tô chegano num corremo assim o pirigo de tá sempre ispilicano prêsse povo qui eu digo inducado iscutano apois prá intendê parcela martelo ô côco tiran tem qui baté mil cancela na istrada dos disingan e ainda purriba tem qui sabê sofrê e isperá mêrmo saben qui num vem as coisa do seu sonhá na istrada dos disingano andei de noite e de dia a pois sim tá certo vamo cantá qualqué canturia. Cantador (Xangai) Na istrada dos disingano andei de noite e de dia inludido percurano aprendê o qui num sabia quano eu era moço um dia arrisulví sai andano pula istrada da aligria a aligria percurano curri doido atrais dela entrô ano saui ano bati mais de mil cancela na istrada dos disingano Cantador (Xangai) Todo cantadô errante trais nos peito ua marzela nas alma lua minguante istrada e som de cancela Fonte qui ficô distante qui matava a sêde dela e o coração mais discrente dos amô da catinguêra Ai o amô é ua serepente esse bicho morde a gente vamo pois cantá parcela daindá daindá daindá Tropeiro (Elomar) Eu sô cantadô de côco eu num canto parcela parcela é feiticêra eu corro as légua dela ai, ai, ai, ai, chegano num lugá adonde têja ela eu vô me adisculpano e dano nas canela daindá, daindá, daindá, cunhici um cantadô distimido e valente qui mangava do amô e zombava a fé dos crentes mais um dia ele topô nos batente dua jinela com o bicho do amô mucama pomba e donzela e o cantadô aos pôco foi se paxonano pru ela té qui um dia ficô lôco de tanto cantá parcela e hoje véve pela istrada rismungano qui a culpada foi a mucama da jinela daindá, daindá, daindá. eu sô cantadô de côco apois quem canta parcela corre um risco São Francisco morre doido cantan ela daindá, daindá, daindá...
tchelawless